
Confraria Da Folia
Diálogo que encurta a distância, virtual que supre o real
O impacto das lives na cultura carnavalesca é o assunto da resenha da Rainha do Carnaval 2020 de Porto Alegre - e nossa confrade - Íris Neto.
Passados nove meses do ano, seis dele em plena quarentena, os artistas carnavalescos precisaram se reinventar para exercer sua paixão pela cultura. Sem ensaios, festas e reuniões, a rotina de quem vivencia o carnaval foi drasticamente alterada e, desde então, mais uma aliada vem se fortalecendo como parceira: a internet.

Essa nova realidade que impôs distancia física entre os foliões fez o espaço virtual - antes considerado como um complemento na convivência das pessoas - se transformar na principal fonte de diálogo, principalmente através das lives. Meio interativo que proporciona conhecer melhor outras perspectivas dos nossos artistas, ou seja: aquele passista que víamos nas apresentações sambando, ao conversar com ele pela telinha do computador- ou celular- conta a sua vida profissional e até mesmo pessoal, para além do carnaval. Também pudemos conhecer artistas que muitas vezes ficam nos bastidores, como gestores, responsáveis pelos barracões, diretores.
Já as lives musicais, feitas pelas nossas harmonias e baterias, nos fizeram viajar pelo passado trazendo enredos e sambas antigos, reverenciando o passado como uma busca pelo porto seguro que nos foi tirado nesse momento tão sensível, além de ser uma forma de cada entidade fazer suas doações, desempenhando de forma criativa a função social que lhe cabe. Sejam pelas mídias especializadas em carnaval, pelos destaques que possuem um grande número de seguidores e bom engajamento nas redes sociais ou pelas próprias escolas, presenciamos essa forma adversa de “conexão”.

É fato que a “aglomeração” que nos é natural e peculiar nos faz falta. Mas essa interação virtual entre carnavalescos abriu outra janela e isso só reforça a importância que precisamos dar para o alcance que a cultura carnavalesca pode ter.