- Confraria Da Folia
Os sambas de segunda-feira na Sapucaí em 2020
Segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro terá homenagem à Elza Soares e à arquitetura e urbanismo. Foto: Sambanet.
A noite de segunda-feira é sempre muito aguardada pelos sambistas no carnaval carioca. Confira os sambas que embalarão as escolas na segunda noite de desfiles da elite do carnaval do Rio de Janeiro.
SÃO CLEMENTE

Enredo: "O Conto do Vigário"
Compositores: Marcelo Adnet, André Carvalho, Pedro Machado
Gustavo Albuquerque, Camilo Jorge, Luiz Carlos França, Gabriel Machado, Raphael Candela
O sino toca na capela e anuncia
Nossa senhora começou a confusão!
Quem vai ficar com a imagem de Maria?
O burro vai tomar a decisão
Mas o jogo estava armado
Era o Conto do Vigário
Nessa terra fértil de enredo
Se aprende desde cedo
Todo papo que se planta, dá
Dom João deu uma volta em Napoleão,
Fez da colônia dos malandros capital
Trambique - patrimônio nacional
Tem laranja!
"Na minha mão, uma é três e três é dez!"
É o bilhete premiado, vendido na rua
Malandro passando terreno na lua!
Hoje, o vigário de gravata
Abençoa a mamata,
Lobo em pele de cordeiro...
"Eu trago em três dias seu amor"
"La garantia soy yo!"
"Só trabalho com dinheiro"
Chamou o VAR, tá grampeado,
Vazou, deu sururu,
Tem marajá puxando férias em bangu!
Balança na rede
Abre a janela, aperta o coração
O filtro é a fantasia da beleza
Na virtual roleta da desilusão
Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu!
E o país inteiro assim sambou
"Caiu na fake news!"
Meu povo chegou ôô!
A maré vai virar, laiá!
Na ginga, pra frente, lá vem São Clemente
sem medo de acreditar!
UNIDOS DE VILA ISABEL

Enredo: "Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil"
Compositores: Cláudio Russo, Chico Alves e Julio Alves
Sou eu! Índio filho da mata
Dono do ouro e da prata que a terra mãe produziu
Sou eu!
Mais um Silva pau de arara
Sou barro marajoara, me chamo Brasil
Aquele que desperta a Cunhatã
Para ouvir Jaçanã sussurrar ao destino
O curumim, o piá e o mano
Que o vento minuano também chama de menino
Do tapajos desemboquei no velho Chico
Da negra Xica, solo rico das Gerais
E desaguei em fevereiro
No meu Rio de Janeiro, terra de mil carnavais
Ô viola!
A sina de Preto Velho
É luta de quilombola, é pranto é caridade
Ô fandango!
Candango não perde a fé
Carrega filho e mulher pra erguer nova cidade
Quando a cacimba esvazia, seca a água da moringa
Sertanejo em Romaria é mais forte que mandinga
Assim, nasceu a flor do Cerrado
Quando o cacique inspirado
Olhou pro futuro e mandou construir
Brasília, joia rara prometida
Que Nossa Senhora de Aparecida estenda o seu manto pro povo seguir
Sou da Vila não tem jeito, fazer samba é meu papel
Fiz do chão do Boulevard meu céu!
Paira no ar, o azul da beleza
Gigante pela própria natureza
ACADÊMICOS DO SALGUEIRO

Enredo: "O Rei Negro do Picadeiro"
Compositores: Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves, Francisco Aquino.
Na corda bamba da vida me criei
Mas qual o negro não sonhou com liberdade?
Tantas vezes perdido, me encontrei
Do meu trapézio saltei num vôo pra felicidade
Quando num breque, mambembe Moleque
Beijo o picadeiro da ilusão
Um novo norte, lançado à sorte
Na "companhia" do luar...
Feito sambista...
Alma de artista que vai onde o povo está
E vou estar com o peito repleto de amor
Eis a lição desse nobre palhaço
Quando cair, no talento, saber levantar
Fazer sorrir quando a tinta insiste em manchar
O rosto retinto exposto
Reflete no espelho
Na cara da gente um nariz vermelho
Num circo sem lona, sem rumo, sem par...
Mas se todo show tem que continuar
Bravo! Ah esperança entre sinais e trampolins
E a certeza que milhões de Benjamins
Estão no palco sob às luzes da ribalta
Salta menino!
A luta me fez majestade
Na pele, o tom da coragem
Pro que está por vir...
Sorrir é resistir!
Olha nós aí de novo
Pra sambar no picadeiro
Arma o circo, chama o povo, Salgueiro!
Aqui o negro não sai de cartaz
Se entregar, jamais!
UNIDOS DA TIJUCA

Enredo: "Onde Moram os Sonhos"
Compositores: Dudu Nobre, Totonho, André Diniz, Fadico, Jorge Aragão
O sonho nasce em minha alma
Vai tomando o peito e ganhando o jeito
Se eternizado, traduzido em forma
O mais imperfeito, perfeição se torna
Lá no meu quintal eu vou fazer um bangalô
Já foi tapera feita em palha e sapê
E uma capela que a candeia alumiou
A lua cheia...
Vem, é lindo o anoitecer
Vai, eu morro de saudade
Todo mundo um dia sonha ter
Seu cantinho na cidade
Como é linda a vista lá do meu Borel
Luzes na colina, meu arranha-céu
Linhas do arquiteto, a vida é construção
Curva-se o concreto, brilha a inspiração
Lágrima desce o morro
Serra que corta a mata
Mata a pureza no olhar
O Rio pede socorro
É terra que o homem maltrata
E meu clamor abraça o redentor
Pra construir um amanhã melhor
O povo é o alicerce da esperança
O verde beija o mar, a brisa vai soprar
O medo de amar a vida
Paz e alegria vão renascer
Tijuca faz esse meu sonho acontecer
A minha felicidade mora nesse lugar
Eu sou favela
O samba no compasso é mutirão de amor
Dignidade não é luxo nem favor
MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL

Enredo: "Elza Deusa Soares"
Compositores: Sandra de Sá, Igor Vianna, Dr Márcio, Solano Santos, Renan Diniz, Jefferson Oliveira, Professor Laranjo e Telmo Augusto.
LÁ VAI MENINA…
LATA D’ÁGUA NA CABEÇA
VENCER A DOR, QUE ESSE MUNDO É TODO SEU
ONDE A “ÁGUA SANTA” FOI SALIVA
PRA CURAR TODA FERIDA QUE A HISTÓRIA ESCREVEU
É SUA VOZ QUE AMORDAÇA A OPRESSÃO
QUE EMBALA O IRMÃO
PARA A PRETA NÃO CHORAR
SE A VIDA É UMA “AQUARELA”
VI EM TI A COR MAIS BELA
PELOS PALCOS A BRILHAR
É HORA DE ACENDER NO PEITO A INSPIRAÇÃO
SEI QUE É PRECISO LUTAR
COM A ARMAS DE UMA CANÇÃO
A GENTE TEM QUE ACORDAR
DA “LAMA” NASCE O AMOR
QUEBRAR AS “AGULHAS” QUE VESTEM A DOR
BRASIL, ENFRENTA O MAL QUE TE CONSOME
QUE OS FILHOS DO PLANETA FOME
NÃO PERCAM A ESPERANÇA EM SEU CANTAR
Ó, NEGA, “SOU EU QUE TE FALO EM NOME DAQUELA”
DA BATIDA MAIS QUENTE, O SOM DA FAVELA
É RESISTÊNCIA EM NOSSO CHÃO
“SE ACASO VOCÊ” CHEGAR COM A MENSAGEM DO BEM
O MUNDO VAI DESPERTAR, DEUSA DA VILA VINTÉM
EIS A ESTRELA…
MEU POVO ESPEROU TANTO PRA REVÊ-LA
LAROYÊ Ê MOJUBÁ… LIBERDADE
ABRE OS CAMINHOS PRA ELZA PASSAR…
SALVE A MOCIDADE!
ESSA NEGA TEM PODER, É LUZ QUE CLAREIA
É SAMBA QUE CORRE NA VEIA
BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS

Enredo: "Se Essa Rua Fosse Minha"
Compositores: Magal Clareou, Diogo Rosa, Júlio Assis, Jean Costa, Dario Jr. e Thiago Soares
Ê LAROYÊ INÁ MOJUBÁ
ADAKÊ EXU ÔÔÔ
SEGURA O POVO QUE O POVO É O DONO DA RUA
Ô CORRE GIRA QUE A RUA É DO BEIJA-FLOR
PRECEITO! MINHA FÉ PRA SEGUIR NESSA ESTRADA
ODARA Ê! REINA FIRME NA ENCRUZILHADA
ABRAM OS CAMINHOS DO MEU BEIJA FLOR
POR ROTAS JÁ TRILHADAS NO PASSADO
O TEMPO DE TORMENTAS QUE ESSE MAR LEVOU
REVELAM ESTE NOVO ELDORADO
NAS TRILHAS DA VIDA... DESBRAVADOR!
DESTINO TRAÇADO... VENCEDOR!
NOS BECOS DA SOLIDÃO
MOLEQUE DE PÉ NO CHÃO
E NESSAS ANDANÇAS EU SIGO TEUS PASSOS
SÃO TANTAS PROMESSAS DE UM PEREGRINO
É CRER NO MILAGRE, SAGRADOS VALORES
EM TANTOS ALTARES. EM TANTOS ANDORES
A VELA QUE ACENDE A DOR QUE SE APAGA
A MÃO QUE AFAGA SE TORNA CORRENTE
NILOPOLITANO EM ROMARIA
A FÉ ME GUIA! A FÉ ME GUIA!
EM MEUS DEVANEIOS
ENTRE O REAL E A IMAGINAÇÃO
SAUDADE PERSISTE,
INSISTE EM PASSEAR NO CORAÇÃO
FEITO UM POEMA A BEIRA-MAR
CANTO PRA TE VER PASSAR
ME VEJO EM TEU CAMINHO
NESSA IMENSIDÃO AZUL DO TEU AMOR
E ÀS VEZES, PERDIDO
EU ME ENCONTRO EM TUAS ASAS, BEIJA-FLOR
POR MAIS QUE EXISTAM BARREIRAS
EU VIM PRA VENCER NO TEU NINHO
É BOM LEMBRAR, EU NÃO ESTOU SOZINHO